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Uma história sem fim

16 de agosto de 2018 por Cláudia Miranda Gonçalves

Hoje eu quero contar uma história (ou um case de sucesso se você prefere a expressão da moda). Por motivos de confidencialidade, não vou citar nomes e números, mas prometo que você nem vai sentir falta desses detalhes.

Assim, este texto começa como toda história que se preze: era uma vez uma empresa que teve a oportunidade de crescer muito em pouquíssimo tempo.  Após receber um aporte de capital de um fundo de Private Equity, meus clientes aceitaram o desafio de, em dois anos, crescer 10 vezes o tamanho do negócio.

Como eu já tinha trabalhado com o empreendedor fundador anteriormente, logo no começo da expansão, eles me chamaram para conversar. Fiquei entusiasmada com a coragem e, principalmente, envolvida no desafio de desenvolver pessoas que pretendem enxergar o que está fora do alcance da visão. No primeiro encontro, eles me disseram coisas como:

  • Queremos crescer 10 vezes mais, em apenas dois anos.
  • Hoje, não conseguimos imaginar onde o nosso negócio chegará. Podemos, apenas, intuir.
  • Precisamos desenvolver as pessoas aqui para essa velocidade de dobra.

A provocação estava feita e eu voltei para casa com a cabeça cheia de perguntas (o que, no meu caso, é sempre motivo de muita alegria):

  • Como “equipamos” as pessoas para que elas consigam dar conta de um crescimento como esse?
  • Como desenvolver gestores autônomos, que precisam manter diferenças e conservar uma identidade corporativa?
  • Como trabalhar com o que a vista não alcança?
  • O que precisa ser deixado para trás em uma situação como essa?
  • O que eles vão precisar não fazer mais?

Quando sentei para planejar a minha consultoria para esta empresa, minha cabeça já fervilhava com caminhos e metodologias que certamente me ajudariam a ajudá-los. O entusiasmo de trabalhar com uma empresa que não olha o futuro como um inimigo já tinha me contaminado, mas era preciso ter os pés no chão e a cabeça nas nuvens. Em outras palavras, o meu papel ali era ensinar a desaprender um jeito de pensar e agir para, então, abrir espaço a multiplicar resultados. Como eu sempre acreditei que para transformar o que a gente faz, precisamos primeiro transformar como pensamos, esse foi o ponto inicial para a consultoria.

Sendo assim, comecei com o grupo de diretores executivos. Com sessões de coaching individual, trabalhamos visão sistêmica, flexibilidade, adaptação, correção de rotas, sensibilidade para sentir e reagir.

O segundo grupo de trabalho era maior e mais diverso ainda. Gestores, de unidades de negócios com características e trajetórias bem diversas, que precisam ter suas diferenças respeitadas e valorizadas e, ao mesmo tempo, necessitam de uma unidade corporativa que responda às suas demandas e desafios. Para eles, optamos pelo coaching de grupo.

Foi tudo muito rico e colaborativo. Assuntos instigantes foram sendo trabalhados ao longo do caminho. Por exemplo, descobrimos juntos o que precisava ser deixado para trás para que o crescimento exponencial pudesse seguir sua trajetória sem interrupções bruscas. Outro ponto que nos ajudou muito, foi trabalharmos a imunidade às mudanças, desencaminhando medos e o senso de autoproteção que podem dificultar os ajustes de prioridades.

Agora, eles trabalham em rede e estão TODOS bem menos estressados. E o principal, todos focados na colaboração, sabendo:

  • ver;
  • esperar;
  • conversar;
  • respeitar;
  • ter empatia;
  • e sabendo abraçar.

Posso dizer que os resultados foram mais que positivos. Já temos um objetivo ambicioso, temos pessoas preparadas para seguir para além do horizonte e já potencializamos e personalizamos o aprendizado. Ou seja, meio caminho andado.

Agora, estamos na fase de estabelecer a conversa entre os dois níveis da empresa, criando mecanismos de governança capazes de estruturar o crescimento nada orgânico do negócio. Nesta fase, estamos capacitando as pessoas para que a tomada de decisão seja assertiva e impetuosa, como merece uma empresa como esta. Isso fará com que se expanda a influência (ao contrário da expansão da autoridade) e que o ambiente seja realmente propício para o crescimento do networking e do negócio.

Afinal, em crescimento exponencial, ao contrário do crescimento incremental, o que precisamos gerar são condições propícias para um network effect. Por aqui, nunca falamos em crescimento constante, números a serem alcançados. O que nos importa é criar o crescimento em rede.

Para terminar, quero dizer que essa é uma história sem um “final feliz”, afinal, é uma história que não tem fim, já que crescer de forma exponencial é chegar onde nem se havia sonhado.

Fonte: BLOG Lentes de Decisão – Estadão

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