
Os 20% de humanidade nas organizações
Texto originalmente publicado no Blog Lentes de Decisão, no Estadão, em 10/08/2022
https://economia.estadao.com.br/blogs/lentes-de-decisao/vinte-porcento/
Os processos e padronizações que estruturam as atividades nas organizações dão conta de 80% do que acontece. Mas há uma parte viva, 20% que não pode ou não deve ser padronizada, que precisa ser cuidada por pessoas – gestores, líderes e os intraempreendedores. Nesses 20% é que se busca a sintonia e equilíbrio entre, de um lado, as estruturas da organização, e de outro, as pessoas se envolvendo e navegando essa estrutura e em especial com sua criatividade quando é necessário.
A imagem a seguir foi produzida com base e inspiração em Louis Klein, especialista em mudança sistêmica e projetos complexos, que trabalha há mais de 20 anos com mudança nas organizações a partir de uma perspectiva sistêmica.

Há algumas reflexões interessantes para guiar as decisões nesse pedaço de 20%. São questões que alimentam o desenvolvimento das pessoas e organizações, nos conectam com nossos valores e ética e encaminham a organização para seu futuro. Esse momento entre o presente e o futuro, decisão e ação requer que todos, individual e coletivamente, na organização tenham como norte salvaguardar a vida. Nesses 20% somos guardiões do propósito (da organização, de sua razão de ser).
- A que nos dedicamos/ onde nos empenhamos no presente?
- Onde nos empenhamos para o futuro que precisamos criar?
- O que fazemos serve ao propósito da organização e sustenta a vida (das pessoas, do planeta)?
É na interdependência e interrelação das respostas a essas perguntas que identificamos a liderança sistêmica, estruturamos a governança e damos ritmo e direção ao intraempreendedorismo. O encontro e tensão entre regras e processos que desenham e moldam como fazemos as coisas e as razões pelas quais fazemos é onde se faz a governança e onde as organizações podem evoluir, aprender, inovar e mudar. A governança coloca de forma prática a ética intrínseca na gestão e na liderança.
O foco no aqui e agora é a gestão do dia a dia, a dimensão operacional, que requer um olhar atento e ritmo; também precisamos do empreendedorismo ou intraempreendedorismo para encaminhar a organização para o futuro através de estratégias, tomada de riscos, desenho de cenários. Numa visão sistêmica, a liderança aponta o norte, dá orientação para que a organização navegue com maior segurança para o futuro.

Tomando esse trio – gestão, liderança sistêmica e empreendedorismo – como base para perceber as dimensões do seu papel na organização, busque ter clareza sobre quando cada chapéu é importante, que forma de pensamento e qual o propósito de cada chapéu. Assim, trabalhar sempre será a arte, busca da maestria em equilibrar um olho no presente, buscar caminhos para o futuro e refletir sobre porque fazemos o que fazemos.