Obras do Acaso
UAU!!!! Foi assim que passei o último fim de semana no HackTown em Santa Rita do Sapucaí, o “Vale da Eletrônica”: admirada com cada palestra e cada conexão que o evento proporcionou.
Foi no início dos anos 60 que tudo começou, com a iniciativa de Sinhá Moreira, uma mulher visionária que sonhou com um futuro diferente para os jovens e fundou na cidade a Escola Técnica de Eletrônica. Usando seus privilégios para o bem movimentou pessoas a sua volta e criou a base de um polo que atrai e une educação, tecnologia, empresas e principalmente mentes inovadoras.
O HackTown é um dos maiores festivais de inovação, tecnologia, criatividade e música, que acontece no centro desta cidade mineira, acolhedora e tranquila que com seu tempo próprio propicia e estimula a conexão genuína.
Minha jornada começou com as tendências na área de RH com a tecnologia, um entendimento dos novos significados do trabalho, das novas relações sendo traçadas e das consequências do contexto que vivemos. Um olhar para os colaboradores como comunidade que se apoia, colabora e compartilha experiências. O desafio da retenção vai passar por uma mudança radical na forma de gerar conexão, lealdade e engajamento.
Neurociência também fez parte da minha trilha, e o mapeamento preciso associado ao desenvolvimento de modelos matemáticos ampliam a compreensão do comportamento humano e são insumos relevantes nos caminhos para a inteligência artificial.
Foram vários fóruns falando sobre futuro, sobre tendências e mostrando a tecnologia usada para o bem, a tecnologia a serviço do humano e no centro destes temas a ética e transparência algorítmica.
Definitivamente um momento de mudanças exponenciais.
kaospilot compartilhou seu processo de aprendizado e desenvolvimento de líderes capazes de navegar em meio ao caos com forte senso de propósito, mudanças de perspectivas, liderança distribuída e uma visão particular para os erros. As pessoas em ambientes com forte senso de confiança e construção da segurança psicológica têm espaço para criar e inovar.
Assisti a apresentação do Radar Antifragilidade, nesta sessão um experimento rápido para capturar a percepção dos participantes sobre si mesmos e sobre o Brasil provocou um dos debates mais interessantes do “meu” festival: o que um grupo de pessoas criativas e inovadoras, capazes de atuar com certa facilidade no contexto atual pode fazer para mudar uma situação que coloca o país em posição tão frágil. Como nos tornamos agentes das mudanças que tanto desejamos ver. Provocadora e instigante, um grande chamado para ação, para levantar a voz para o que importa!
Vivi um ambiente plural, diverso e principalmente estimulante para compor diferentes visões. Fiz escolhas e tive experiências únicas e particulares, e, como na vida, ficou claro que esta foi somente a minha visão do que foi o festival. Cada um é parte e todo ao mesmo tempo.
E nos encontros descobri os “outros festivais”, diferentes visões e experiências, outras escolhas e outros olhares e, comecei a formar um rico mosaico. Ao caminhar pelas ruas, circular pelos shows e cruzar olhares o que parecia acaso acabou por se mostrar uma descoberta feliz, um encontro com o que precisava ser, oportunidades que transformam para sempre. Conexões do acaso que são as sementes do futuro que vamos construir juntos.
Dias intensos com palavras que me marcaram: comunidade, ação, ética, transparência, confiança e serendipidade.
Sim, Santa Rita do Sapucaí para mim é sinônimo de serendipidade, se o sonho desta mulher não tivesse despertado a curiosidade de um jovem carioca, ele não teria trocado olhares com a jovem professora que passeava pela praça, e eu não teria viajado o mundo para voltar para cidade onde nasci e experienciar este UAU de ideias, ações e conexões!
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