
Existem habilidades essenciais?
As empresas atualmente estão enfrentando desafios que exigem colaboradores capazes de conduzir processos intensos de mudanças. As novas tecnologias e as mudanças na sociedade estão desafiando a forma como os serviços são operacionalizados e como as empresas se relacionam com seus diferentes stakeholders.
Essas mudanças exigem uma visão sistêmica, pois os movimentos são interdependentes e uma ação pode desencadear múltiplas reações e impactos em camadas e níveis diferentes.
Isso tem gerado um alto desgaste nos colaboradores e tem grande impacto nos projetos e resultados da empresa. Existe uma grande dificuldade de sair de um modus operandi de causa e efeito e começar a lidar com a complexidade associada aos desafios das empresas.
Estava conversando com um cliente recentemente que mencionou seu cansaço diante da dinâmica diária do seu trabalho. Com a implementação de uma nova metodologia, foram definidos novos indicadores e uma frequência maior de observações, o que gerou insegurança em um profissional muito capacitado, e dificuldade em lidar e priorizar todas as coisas dentro do que passou a ser o “novo normal” da empresa.
Em outra conversa, minha cliente chegou desanimada com as mudanças de rumo de um projeto em que estava envolvida, a resistência à mudança de várias áreas na empresa provocou a redução do escopo impactando diretamente a entrega aos clientes, sempre muito engajada começou a se sentir desestimulada, incapaz de lidar com a situação e acreditando que estava fazendo escolhas erradas.
O caminho para apoiá-los foi fortalecer suas competências relacionadas à capacidade interna de lidar com as mudanças e interdependências em situações complexas, resultando em mais presença e consciência para as decisões que estão tomando no dia a dia e ajudando na redução do stress e ansiedade.
Exemplos como esses têm sido cada vez mais comuns e um trabalho fundamental é ajudar no resgate da essência, alinhamento com propósito e conexão maior consigo mesmo. Isso envolve um olhar para dentro, um desenvolvimento interno que trabalhe habilidades, capacidades que fortaleçam o individuo no seu papel e na sua forma de atuação.
Tão importante quanto trabalhar aspectos externos o foco no desenvolvimento interior transforma a maneira de nos relacionarmos com os desafios que se apresentam, a qualidade deste estado interno é que acaba por determinar a qualidade dos resultados alcançados.
Os aspectos importantes do desenvolvimento interior foram mapeados para guiar a jornada das pessoas envolvidas em projetos que trabalham com a implementação das ODS. Esse movimento iniciado em Estocolmo apresenta 5 dimensões da estrutura dos IDG (Objetivos do Desenvolvimento Interior) com suas 23 habilidades.
Quanto mais me envolvo no movimento mais claro fica a relevância que ele tem para apoiar colaboradores e empresas que estão comprometidas com uma atuação sustentável. Empresas que estão tratando o ESG de forma séria já sabem da dificuldade de ampliar o escopo inicial de implementação de indicadores, relatórios e projetos e trazer para cultura e práticas diárias envolvendo todas as dimensões de impacto de atuação.
Voltando aos meus clientes, posso dizer que ao integrar aspectos de relacionamento consigo mesmo, habilidades cognitivas específicas, o olhar para o outro e para o mundo, colaboração, e ação que ajuda na condução de mudanças é possível fortalecer o indivíduo e transformar a entrega e o compromisso com as empresas e seus projetos.
Separar o que é do contexto do que é do individuo ajuda a focar no que é possível mudar a partir da expansão da consciência individual.
Aprimorar as habilidades e capacidades pessoais interiores permite uma nova relação com o cansaço, insegurança, desânimo, falta de confiança e sentimento de incapacidade, trazendo uma verdadeira mudança para as questões enfrentadas nos ambientes de trabalho atualmente.
[i] Originalmente publicado no Blog Lentes de Decisão do Estadão Digital em 06/05/2023