
A trilha das empresas e lideranças no “pós-digital”
Com o início do retorno as atividades comerciais, as empresas se preparam para enfrentar o desafio dos ambientes de trabalho. As tendências começarão a ficar mais definidas e o que estava emergindo mais evidente.
Chegou o momento de encarar de frente a realidade fluida!
Este será um marco importante para diferenciar as empresas que serão capazes de responder e sobreviver no “pós-digital”.
Os três últimos meses aceleraram tecnologias, desafiaram a capacidade de agilidade e modificaram os paradigmas.
Mudaram o tempo, o espaço, as relações, a forma, a visão…
A flexibilidade vivida nos horários, ambientes, vestimentas em contrapartida a relatos de reuniões mais eficientes e maior criatividade, aumenta a responsabilidade de que o retorno ao ambiente de trabalho ocorra de forma segura e responsável.
Da empresa se intensificará a cobrança para que seja ética e transparente nas suas políticas de privacidade, acesso, segurança e compartilhamento de informações.
As empresas vão precisar fazer diferente.
As evidências mostram que clientes e empregados serão mais ativos em suas escolhas e atribuirão mais responsabilidade social às empresas.
Vejam os exemplos das reações dos clientes às declarações do dono do Madero ou os protestos dos funcionários do Facebook sobre o posicionamento da empresa às declarações de Donald Trump.
Da liderança será imprescindível que vá muito além do conhecimento técnico e das habilidades tecnológicas.
Com aumento da complexidade e busca por soluções ágeis e inovadoras que chegam através de processos colaborativos e inclusivos, a liderança atua com uma linguagem nova que não encontra espaço para termos como “guerra por talentos”, “sangue nos olhos”, “arrasar a concorrência” …
Brian Chesky, CEO do Airbnb, se destaca ao escrever uma carta de demissão à 1900 de seus empregados clara, transparente e principalmente em um tom humano como dificilmente visto antes.
Jacinda Ardern, Premiê da Nova Zelândia, é outro destaque de liderança efetiva com um estilo focado em empatia.
Exemplos de uma liderança empática e sensível que está preparada para se desenvolver no fluxo dos acontecimentos, que abre mão de velhos conceitos e que vai descobrir oportunidades em meio a ambiguidade e muitas possibilidades.
Uma liderança humanitária que coloca os recursos tecnológicos a serviço da vida, e olha para os problemas reais e do dia a dia.
Uma liderança inteligente e sábia, que alinha seu pensar, sentir e querer, que ouve com o coração, sentindo e acolhendo.
O caminho de desenvolvimento da liderança “pós-digital” está em um profundo processo de autoconhecimento, e autocompaixão.
O protagonismo é determinante, cada um criará sua própria jornada de desenvolvimento.
O aprendizado se intensificará pela ação, em sua maioria por meio de experiências próprias; adicionalmente através de experiências de outros, com desenvolvimento colaborativo p2p, mentorias e coaching.
O líder dará sustentação a um ambiente de segurança para que todos participem e contribuam com sua visão única e singular. Atuando com cabeça e coração, confia na intuição e desenvolve uma visão sistêmica que lida com as sutilezas e trabalha com a percepção.
Mas não confunda tudo isso com falta de estrutura e de planejamento, com tantas opções e dados disponíveis um pensamento analítico e crítico será essencial para guiar e garantir a agilidade requerida para as múltiplas mudanças de roteiro.
O caminhar deste tempo exige presença. Uma presença que se conecta com o passado para nele buscar forças, e não para encontrar respostas, e que observa o futuro para perceber o que está emergindo, e não para ter certeza na decisão.
Coragem e vulnerabilidade devem estar na mochila.
Não nos caberão mais lideres que produzam sentido e que tomem decisões solitárias voltadas somente aos resultados financeiros, nem empresas focadas em crescimento a qualquer preço.
Você está pronto para criar sua trilha?
Fonte: BLOG Lentes de Decisão – Estadão