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Confiança: novo normal?

29 de setembro de 2020 por Cláudia Miranda Gonçalves

Em conversas e em leituras sobre este momento específico e a aceleração na adoção do trabalho remoto de forma mais definitiva, concluo que as coisas mais importantes, como sempre foram, são:

Clareza

Confiança

E essas duas coisas andam bem juntas. Algumas imagens podem bem descrever o que temos para hoje, mas que certamente teremos que resolver para mais médio e longo prazos.

A primeira imagem que trago é a visão no nevoeiro. Agora precisamos aprender a dar um passo de cada vez. Não conhecemos esse território  do trabalho remoto tão extensivo e nem o mercado volátil ao extremo. Portanto, estamos tateando. O que ajuda o nevoeiro a dissipar é o tempo. A gestão agora tem a ver mais com presente que com prever o futuro. Assim, perguntas como Está bom suficiente para agora?  e  É seguro suficiente para testar? são mais pertinentes e aplicáveis do que nunca.

A segunda imagem que trago é de pisar em ovos. Qual a etiqueta para tanto convívio online? Abre câmera, fecha câmera, pode ou não pode pedir para abrir? Qual o nível saudável para uma pessoa ficar na frente do computador ou com reuniões online por dia? Um termo novo que ouvi é microagressões para se referir a pedidos ou pressões aparentemente inocentes, mas que podem causar o mesmo efeito do assédio moral nas pessoas. O exemplo da obrigatoriedade de se abrir a câmera é um. Dar nota e ranking para o visual e decoração da casa das pessoas quando elas participam de reuniões é outro. Então, estamos pisando em ovos.

Alguns dados já nos apontam algumas coisas interessantes:

Embora uma porcentagem razoável se sinta mais produtiva (56%),  quase a mesma porcentagem de pessoas está trabalhando mais horas (55,2%). Como está o equilíbrio entre produtividade e autocuidado? Vou sair de fininho aqui do assunto de produtividade, pois muitos já abordaram o tema. As pessoas sentem falta da química, da magia dos encontros e interação presencial, quando a criatividade brota. 73% sentem falta das interações sociais e  51% sentem falta da colaboração presencial. O Iluminismo veio em um momento em que as pessoas deixaram de passar o dia embriagadas por vinho e cerveja e passaram a frequentar os salões de chá e café.  Trocaram o entorpecente pelo estimulante e estavam juntas. A criatividade precisa do estímulo do coletivo, da troca e do confronto de ideias.

Quero fazer um convite para voltarmos para o nevoeiro. Para mim, o nevoeiro está na RELAÇÃO. Como está a relação entre os líderes e liderados?

Vamos precisar desenvolver mais confiança e termos mais consequência. Como as empresas que adotarem o trabalho remoto vão lidar com isso? Algumas empresas estão instalando software para mensurar quanto tempo a pessoa fica numa planilha ou numa tela, sem teclar ou sem mudar de tela. Só tenho uma coisa a dizer: SOCORRO.  Ainda estamos sendo tratados como máquinas e não somos confiáveis. A confiança vem de um lugar diferente e traz mais protagonismo para cada um.  Aquele papo de que o líder deve motivar sua equipe, pois é, começa por CONFIAR nela, pois a confiança é um motivador essencial.

Mas, confiar é vulnerabilidade na prática. Vulnerabilidade de não estar sozinho, de não ter todas as respostas ou de dar conta de tudo. É a oportunidade de todo mundo ser ser humano junto. Mudança do líder para alguém mais de carne e osso, mais em paz com sua natureza humana e com mais organização interna.

Confiar significa saber da interdependência. Está pronto?

Texto originalmente publicado no Blog Lentes de Decisão do Estadão em 29/09/2020

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