
Decidir é não estar certo
27 de novembro de 2018 • por Cláudia Miranda Gonçalves
Certeza é a primeira palavra que vem à nossa cabeça quando falamos em
decisão. Fico até ouvindo as frases que são sempre repetidas à nossa volta:
- Sim, tenho certeza que estou tomando a decisão correta.
- Quero ter certeza antes de tomar esta decisão.
- Tem certeza disso?
- Certeza? É isso mesmo que você quer?
Desconfio que é por isso que estamos errando mais do que acertando em
decisões primordiais para o nosso futuro. Digo isso, sem nenhum
pessimismo. Pelo contrário, falo com olhos que querem enxergar nas
incertezas novos caminhos possíveis.
Então, voltando às certezas: o que é certo é algo que, por si só, já mora no
passado. Já pensou nisso? Por outro lado, as decisões precisam sempre
olhar para o futuro. Só faz sentido decidir por algo que ainda está por vir.
Sendo assim, é paradoxal falar em certezas e decisões. Se procuramos
certezas ao decidir, estamos usando uma “ferramenta” do passado para
implementar uma “atitude” futura. É por isso que afirmo que decidir é não
estar certo.
Desalentador? Claro, que não. Tomar decisões é das coisas mais
promissoras das nossas vidas. E, sim, podemos aprender a decidir mais,
melhor, mais rapidamente e até com mais eficiência. Quer ver? Separei 3
perguntas que ajudam muito nas tomadas de decisão. Vamos a elas:
- Primeira pergunta que você deve se fazer:
- A decisão que eu estou tomando abre novos caminhos?
Se sim, de cara, essa já é uma boa decisão. Abrir caminhos é inovar, é ação
que combina (e rima) com decidir. Abro parênteses: inovar não é ficção
científica, não é sempre criar algo novo e revolucionário. Inovar é
rotineiramente abrir caminhos. Assim, decida sempre pelos novos caminhos,
eles são a inovação que você está buscando.
- Segunda pergunta:
- A serviço de quem está esta decisão?
Ela realmente está a serviço do seu propósito? Ela vai fazer sentido para
você, sua equipe, sua trajetória, sua empresa? Estas são perguntas muito
importantes, já que o seu propósito é razão (futuro), experiência (passado) e
instinto (trans); tudo junto e misturado. E é ele que vai fazer com que a sua
decisão tenha força coletiva, que seja entendida e abraçada por toda a sua
equipe. Ou seja, é o propósito que fará com que a decisão se transforme em
um objetivo. E isso fará todo sentido, acredite.
- Por fim, pergunte-se:
- É sustentável?
Sua decisão vai afetar todo um sistema: pessoas, equipes, clientes,
fornecedores, investidores, a sua cidade, o seu país, o mundo e muito mais.
E aí? Esta decisão que você está tomando é realmente sustentável? Ela
contempla todos que fazem parte do sistema? Ela pensa no futuro ou ela é
imediatista e só contempla o momento?
Pronto! Temos aí 3 perguntas essenciais para a tomada de decisão. Nem é
tão complexo assim: novos caminhos, propósito e sustentabilidade. Pratique
as respostas e encontre as chaves para abrir novas portas.
Para terminar, quero dizer que deixar de querer controlar o futuro e focar na
ação de decidir tem salvado muitos negócios e, principalmente, muitas
pessoas. Experimente as decisões que levam em conta estas três
perspectivas (novos caminhos, propósito e sustentabilidade) e transforme as
incertezas. Afinal, como já disse antes por aqui: “viver não é preciso”.
Sugestões de temas? me escreva!
claudia@weholon.com.br
Texto originalmente publicado no Blog Lentes de Decisão no Estadão em 27/11/2018