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A Sabedoria de Annia e a Força das Comunidades

15 de abril de 2025 por Cláudia Miranda Gonçalves

Texto originalmente publicado na Coluna Lentes de Decisão, no Estadão Digital, em 15/04/2025

https://www.estadao.com.br/economia/lentes-de-decisao/a-sabedoria-de-annia

Há histórias que transcendem gerações e geografias, como a de minha avó Annia, que viveu até os 94 anos em um pequeno apartamento na Bielorrússia. Sozinha, mas nunca solitária, ela foi sustentada por uma teia invisível de cuidados: vizinhos que compartilhavam sopas, ajudavam com as roupas, faziam companhia nas tardes silenciosas ou simplesmente batiam à porta para um “olá”. Em troca, ela retribuía com os legumes que cultivava em sua dacha e as conservas que preparava com esmero, transformando cada gesto em um laço de confiança e reciprocidade.

Essa delicada coreografia de apoio mútuo — onde ninguém carregava o fardo sozinho — nos lembra que a vida, em sua essência, é feita de conexões. Annia não era uma exceção; era um exemplo de como comunidades florescem quando há espaço para a generosidade cotidiana. E se trouxéssemos essa lógica para dentro das organizações?

No ambiente corporativo, muitas vezes priorizamos métricas individuais, competição e resultados imediatos. Mas a história de Annia nos convida a refletir: e se investíssemos mais em construir “vizinhanças” dentro das empresas?

Imagine um time onde colegas se apoiam além das demandas formais — um gestor que dedica tempo para mentorar um júnior, um colaborador que compartilha conhecimento sem medo de “perder relevância”, ou um grupo que se mobiliza para ajudar um colega em um momento desafiador. São gestos simples, mas que criam uma rede de segurança emocional e prática, tornando os desafios profissionais mais leves e os sucessos, mais coletivos.

Os benefícios são palpáveis:

  1. Equipes mais unidas: Quando a confiança e o apoio mútuo são cultivados, os desafios passam a ser vistos como oportunidades de crescimento conjunto. Assim como os vizinhos de Annia se revezavam para garantir que ela nunca estivesse desamparada, times coesos desenvolvem uma cultura de interdependência: um colega assume uma tarefa quando o outro está sobrecarregado, líderes redistribuem prioridades sem culpa, e erros são corrigidos com diálogo, não com punição. Esse ambiente reduz a ansiedade, aumenta a agilidade para lidar com imprevistos e fortalece a confiança de que, mesmo em momentos difíceis, ninguém será deixado para trás. O resultado? Menos burnout, mais disposição para inovar e uma sensação compartilhada de que o sucesso é construído por muitos.
  2. Engajamento autêntico: Pessoas que se sentem parte de uma comunidade não só permanecem por obrigação, mas por pertencimento. Esse é o cerne do engajamento real: quando colaboradores veem significado no que fazem e sabem que seu bem-estar importa, a produtividade deixa de ser uma cobrança e se transforma em uma consequência natural. Isso acontece porque, assim como os vizinhos de Annia, líderes e colegas podem cultivar espaços de escuta, reconhecimento e crescimento conjunto. Um funcionário que se sente valorizado não apenas entrega mais, mas inspira outros a fazerem o mesmo, criando um ciclo virtuoso de motivação.
  3. Soluções que nascem da coletividade: Annia não guardava suas conservas para si — distribuía-as, entendendo que a abundância coletiva era mais sustentável que a escassez individual. Nas empresas, essa lógica se traduz em inteligência colaborativa: quando há espaço para que todos contribuam com suas habilidades únicas, os problemas são decifrados de ângulos inesperados. Por exemplo, um projeto de inovação pode ganhar vida não apenas com a expertise técnica de um departamento, mas com insights de quem está na linha de frente do atendimento ao cliente, na logística ou na gestão de pessoas. Romper silos hierárquicos e setoriais permite que ideias se misturem, gerando soluções mais criativas e adaptáveis. É assim que uma equipe diversa, como a rede de vizinhos de Annia, transforma desafios complexos em conquistas compartilhadas.

Para cultivar isso, é preciso intencionalidade. Que tal começar com pequenos rituais? Um café sem agenda para conversas informais, programas de mentoria cruzada ou até projetos sociais que unam a equipe em causas comuns. O segredo está em criar espaços onde as pessoas possam ser humanas — com suas vulnerabilidades e talentos —, não apenas profissionais.

Annia nos ensinou que cuidar do outro não é um favor, mas um ciclo que fortalece a todos. Nas empresas, essa mesma lógica pode transformar ambientes em ecossistemas vivos, onde resultados e humanidade coexistem. Afinal, não são os edifícios, mas as relações que os habitam, que constroem legados duradouros.

Que possamos ser, como ela, semeadores de conexões. 🌱

E você: como tem fortalecido a “vizinhança” na sua equipe?

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