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A visão sistêmica na prática

16 de agosto de 2022 por Andréa Nery

Como você tem se sentido diante do contexto atual das empresas onde é cada vez mais desafiador lidar com os diferentes projetos e as mudanças constantes?

O que tenho escutado me faz lembrar a imagem de colaboradores malabaristas, que no esforço frenético de manter tudo funcionando acabam deixando cair algumas bolas, e não são capazes de trazer o novo, pois isso gera mais estresse e caos.

Em momentos de transformação cultural este contexto provoca ainda mais resistência e impede uma visão clara do que é prioridade e das escolhas que precisam ser feitas para seguir em frente e se manter relevante e sustentável diante das novas necessidades.

E o que acontece com você e com as outras pessoas diante desta falta de visibilidade ao ter que enfrentar este contexto?

Isso se reflete na saúde mental de todos, um sentimento de ser incapaz de dar conta, infelicidade e frustração com os resultados obtidos, e a entrada em um looping de comportamentos desfavoráveis que reforçam a falta de clareza e a definição dos próximos passos.

Noto que existe uma dificuldade de entender as empresas como organismos vivos, e saber atuar a partir de modelos mentais baseados na experimentação e no dar sentido. Trazer uma visão mais sistêmica e incorporar práticas que consideram a complexidade é um caminho que precisa ser trilhado pelas lideranças.

Em um sistema complexo vivo, os muitos elementos que compõem esse sistema se organizam e interagem de maneirasinesperadas e imprevisíveis, moldando e orientando nossas ações.

O pensamento sistêmico nos ajuda a ver como os sistemas complexos podem ser resistentes a mudanças, pois mesmo que se trabalhe rapidamente para mudar, se não estivermos cientes das normas implícitas aprendidas no passado vamos nos deparar com pontos fortes de resistência. E, também nos mostra que se identificados os pontos de alavancagem, um pequeno estímulo na área correta pode fazer toda diferença para desencadear as mudanças necessárias.

E o que pode ajudar a olhar estes sistemas, promover a resiliência e sustentabilidade dentro deles, e colocar em movimento as equipes? Gosto muito dos ciclos adaptativos para mapear os pontos onde as mudanças são mais aceitas e usá-las para alavancar a transformação. Este é um modelo mental que permite perceber a natureza cíclica e dinâmica das organizações. 

Os ecocycles[i] ajudam gestores e executivos a criar um processo de desenvolvimento constante onde são capazes de dar sentido a suas experiências para organizar e tornar explícito o que eles já sabem, mas que eles não sabem que sabem! 

Estes ciclos são compostos por quatro fases: nascimento, maturidade, destruição criativa e gestação. E todas as atividades, nos diferentes níveis, do colaborador a organização, podem ser “classificadas” em alguma destas fases. 

Atividades que exigem engajamento e que necessitam nosso tempo e energia para crescer; que são realizadas sem muito esforço e de onde é possível extrair muito valor; que precisam parar para dar espaço a outras, que já não atendem e podem servir de insumo e aprendizado para outras; que são novas e ainda estão sendo exploradas.

Uma visão completa e sistêmica das atividades gera entendimento das prioridades e dos desperdícios e mostra como estão distribuídas as energias individuais e das equipes. Também ajudar a identificar impactos que não conseguimos perceber quando buscamos soluções para as partes individuais.

Organizações mais estabelecidas naturalmente têm mais atividades na fase madura, mas podem se dar conta de que estão em uma armadilha não desejada de competência e rigidez, não sendo capazes de abandonar comportamentos, produtos, processos que são símbolo de seu sucesso.

Por outro lado, organizações mais novas terão muitas atividades nas fases de gestação e nascimento e podem estar na armadilha não desejada da escassez e da falha, onde não fazem uma gestão mais estratégica de aprendizado para investir em iniciativas e atividades mais promissoras.

Em qualquer dos casos o fluxo está interrompido ou impactado provocando disfunções e respostas indesejadas para manter o equilíbrio do sistema. 

Também podemos observar com as pessoas este despertar quando ampliam sua visão ao olhar as atividades que estão envolvidas dentro de um ecocycle.

Organizar e ver as atividades desta forma é poder ver as árvores e a floresta ao mesmo tempo. Isso traz uma grande riqueza para a tomada de decisão, e ajuda de forma significativa no desafio das mudanças constantes. Reconhecer onde as energias estão colocadas e ter consciência dos movimentos gera mais resultados e dá sentido para o que foi feito e o que precisa ser feito para seguir em frente.

E aí, que tal experimentar?


[i] Hurst, David K., 2012, The New Ecology of Leadership: Business Mastery in a Chaotic World, ISBN 978-0-231-15970-8, Columbia University Press

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