abrindo o ano
Texto originalmente publicado no Estadão Digital, Caderno de Economia e Negócios, no Blog Lentes de Decisão, em 10/01/2023
https://www.estadao.com.br/economia/lentes-de-decisao/abrindo-o-ano/
Participei de uma palestra em que Peter Senge abriu sua fala com a seguinte pergunta:
“Como é que acabamos produzindo uma realidade que ninguém quer?”
Ele se referia a poluição, violência, cidades com baixa qualidade de vida, entre outras provações. Como é que, quanto mais a humanidade consegue manejar o mundo em seu benefício, tanto menos percebe sentido nele?
E a resposta – pelo menos uma pista – já está na própria pergunta. Onde está o sentido do que estamos vivendo? Os benefícios podemos experimentar de forma mais ou menos concreta: avanços tecnológicos, científicos, produzidos pela parte esquerda do nosso cérebro. Mas sem o lado direito do cérebro para trazer sentido, valor ou afeto, acabamos por rodar em círculos em torno de ferramentas e soluções técnicas.
Adaptando a célebre frase de A. Einstein, “Problemas criados com o pensamento do lado esquerdo do cérebro não podem ser resolvidos sem o pensamento do lado direito.”
Antes de falar mais sobre os pensamentos mais típicos seja do lado esquerdo, seja do lado direito do cérebro, gostaria de me adiantar sobre as limitações do que estou escrevendo aqui: é um modelo, uma forma de ver e entender; mas não é, de forma alguma, a realidade em todas suas cores. E, para fechar o ciclo de citações desse texto, aqui vai a última:
“Todos os modelos estão errados, mas alguns são úteis. ”—George Box
Abaixo alguns memes sobre o que produzimos a partir do modelo de lateralização do cérebro:
Memes do lado esquerdo:
• Científico, mensurável, comprovável
• Racional, lógico, Cartesiano, analítico
• Mecanicista, fábricas, linhas de produção, automação
• Foco em produtividade e aumento de eficiência
• Foco no indivíduo e na independência
• Competitividade, escassez
Memes do lado direito:
• Artistico, cultural
• Emocional, espiritual, ecológico
• Produtos únicos, artesanais
• Foco em criatividade e novas ideias
• Foco no coletivo e na interdependência
• Colaborativo, emergente, abundante
Quando os dois lados colaboram através de uma tensão positiva, podemos ter mais esperança de avanços que façam sentido, que sejam para um bem comum. Podemos despertar a criatividade para soluções aparentemente ilógicas, mas que trazem sentido e empatia.
Que neste ano tenhamos mais momentos para questionar nossos modelos, fazer muitas perguntas, convidar o irracional e o lúdico.
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