chuva
Texto originalmente publicado no Blog Lentes de Decisão, no Estadão Digital, em 31/01/2023
https://www.estadao.com.br/economia/lentes-de-decisao/chuva/
As férias foram um convite para reconectar com a natureza. Entre São Paulo e João Pessoa, tive que lidar com chuvas. As chuvas de verão, rápidas e potentes, e as chuvas finas, que se arrastam por muitas horas ou mesmo dias.
As chuvas me lembraram de algumas metáforas e imagens interessantes para refletir sobre a vida organizacional. As chuvas finas costumam ser boas para a agricultura, pois o ritmo mais lento permite que o solo absorva a água. Já a chuva forte pode danificar plantações e lavar o solo, pois a velocidade em conjunto com a grande quantidade de água não consegue ser absorvida pelo solo.
A chuva fina permite preparação: posso calçar minhas galochas, vestir uma capa de chuva e andar com meu guarda-chuva. Além disso, o ritmo lento e constante permite que o solo absorva a água, e a armazene em camadas mais profundas. A chuva forte, porém, vem com tamanha força que guarda-chuva, capa ou galochas por vezes não são suficientes.
Muitas vezes é a intensidade que promove a devastação. Chuva de emails que inundam sua caixa de correio eletrônico; dilúvio de demandas. Tudo para ontem. Fazer mais com menos. Cortes de pessoal, de custo, fechamento de lojas… Temos vivido um dilúvio de metas, atividades, estresse, pressão por resultados que vem deixando a todos exaustos e por sua vez erodindo a produtividade.
O desgaste está claro nas equipes. Nos últimos anos tivemos muitas “chuvas fortes”. Se por um lado as equipes conseguiram lidar com tantas adversidades e desafios de saúde, econômicos e políticos, tamanho esforço cobra seu preço. Esse esforço todo se transformou em uma chuva forte.
Agora é momento para a chuva fina; aquela que nutre o terreno. Nas empresas ela é relacionamentos e trocas que possam alimentar uns aos outros e buscar mais leveza e gentileza. Fortalecer as relações para que sejam positivas deve ser mais constante e lento, como uma chuva fina. Precisamos nutrir e lavrar nosso solo. Pode ser um momento para ajustar e diminuir o ritmo, ajudando a recuperar e fortalecer a resiliência para seja lá o que estiver chegando.
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