
Conexão e Produtividade
O triângulo da produtividade
Uma das palestras que assisti enquanto estive no MIT para a IDEAC (Conferência anual da Iniciativas para a Economia Digital) no final de maio foi sobre produtividade no trabalho.
Contexto e cenário:
Como as empresas constroem força de trabalho produtiva?
- Otimizam a seleção de colaboradores;
- Definem quais os melhores incentivos para os colaboradores contratados;
- Minimizam a rotatividade de colaboradores (que é cara).
O que sabemos até aqui:
- Gestores nem sempre tomam as melhores decisões;
- Tecnologia de gestão é importante para a produtividade;
- E que não sabemos muito sobre como os dois pontos acima estão relacionados.
Assim, a questão que a palestrante Daniela Scur levantou para estudar foi:
- Qual é o papel da gestão estruturada na construção de uma força de trabalho produtivo?
O que ela descobriu:
- A gestão estruturada está associada a um recrutamento positivo (erra menos nas decisões) e demite com menor frequência;
- A gestão estruturada é tem a ver mais com a estrutura do que a pessoa do gestor;
Nesta estruturação existem mais de 18 práticas diferentes, que variam de acordo com diferentes níveis hierárquicos, tomando como base a World Manager Survey.
Ou seja, tanto gestores como colaboradores são melhor selecionados e retidos em empresas estruturadas, bem como as taxas de demissão também são menores neste cenário. Além disso, as demissões são mais seletivas.
Outro dado importante: as empresas estruturadas são capazes de manter as melhores pessoas, analisando-se um período de 10 anos.

Indo além, é preciso dizer que apesar de não estabelecer ainda uma relação de causalidade, duas coisas devem ser levadas em conta:
- As estruturas de gestão de pessoas têm melhor correlação com colaboradores produtivos;
- As estruturas de gestão operacional têm melhor correlação com gestores melhores.
Achei maravilhoso a autora batizar de tecnologias intangíveis as práticas de gestão e conexões interpessoais (ver imagem abaixo) e especialmente achei incrível deixar claro que essas práticas humanas e intangíveis influenciam a produtividade.

Aí eu pergunto: será que ter gestores melhores cria melhores práticas operacionais?
Com certeza, sabemos que melhores gestores mantêm melhores colaboradores nas empresas.
Mas, o que é intangível através dos números é muito palpável nos resultados!
Vou retomar uma estrutura de Matthias Varga von Kibed (criador, em conjunto com sua esposa Insa Sparrer, das Constelações Estruturais), que pode nos ajudar a ver essa palestra através de um filtro um pouco diferente.

Neste filtro não numerificamos, mas tecemos relações e correlações. Tão pouco, buscamos uma linearidade… aqui ficamos no triângulo que pode ser um prisma/ filtro através do qual olhamos a produtividade como uma relação entre as três dimensões:
Concluindo, sem hierarquia ou sequências pré-estabelecidas, essas dimensões se interconectam dinamicamente.
Fica a pergunta: em quais momentos a estrutura precisa de maior atenção do que relacionamentos ou conhecimento? Em quais momentos, alternativamente, o conhecimento se sobrepõe à ordem ou conexão? E, quando será mais importante focar no humano do que no conhecimento ou na estrutura?
Gostou? Leia mais sobre minha visita ao MIT:
On the road
Decisões de futuro
Futuro do Trabalho – Humano
Futuro do Trabalho – Geografia
Texto originalmente publicado no Blog Lentes de Decisão no Estadão em 24/09/2019