Constelações Estruturais
Cartagena, de 1 a 5 de março de 2017.
Pela segunda vez tive a oportunidade de atender ao módulo de constelações estruturais com Insa Sparrer e Matthias Varga von Kibed. Minha primeira identificação com este casal encantador e genial é a conexão com matemática e psicologia. Diversas vezes recebi olhares de espanto por ter trocado engenharia por psicologia, tipo “são áqua e óleo”…não se misturam.
Insa e Matthias aproximaram estes mundos de maneira consistente e íntima através das constelações estruturais. Do lado da psicologia, como funcionamos, nossa fisiologia, emoções, pensamentos. Do lado da matemática, a busca pela abstração (o universal em cada manifestação). Dessa junção, o casal buscou criar uma gramática – as constelações estruturais – que pudesse permitir a expressão de inúmeros conteúdos.
A constelação ou, como eu e outros facilitadores temos chamando, visualização sistêmica, tem aplicações em diversos campos: pessoal, saúde, sonhos, empresarial, desenvolvimento de produto, equipes, liderança. Começamos com a entrevista para definirmos os elementos envolvidos no tópico. Seriam os ingredientes que compõem a situação. Durante a constelação buscamos ver as relações entre estes elementos, que são parcialidades.
Parcialidades multidimensionais. Este termo fantástico nos ensina a ter não só o pensamento e visão sistêmicos, mas também a atitude sistêmica: tomar seriamente todas as partes. É apenas com esta atitude de parcialidade com todas as partes que o facilitador em uma constelação pode cumprir seu papel de ajudar a ampliar a visão do cliente.
A matemática nos ajuda a manter em mente que precisamos adequar o nível de simplicidade. No papel de facilitadores, não devemos multiplicar possibilidades sem necessidade. Assim, devemos nos lembrar de não acrescentar elementos antes de precisarmos.
Na ponta da psicologia, o casal lança o conceito de linguagem transverbal, em que as diferenças são menos importantes (isso tem a ver com conteúdo) pois estamos lidando com padrões universais: o corpo entende antes da linguagem (o impacto de algo chega primeiro no corpo e depois no centro de linguagem do cérebro).
É a linguagem transverbal que permite que representantes (pessoas que aceitam representar elementos nas constelações) deem voz aos elementos. Os representantes vibram (imagine a água vibrando com alguma música ou som). Vibrar não é conhecimento, mas antes estar em RESSONÂNCIA com o tópico. O processo de viver tem como base estar em ressonância através dos neurônios espelho. Há muitos neurônios espelho, todos ligados aos nossos sentidos: auditivo, visual, tátil, olfativo…Estar em ressonância é como sentir o corpo vibrar com uma determinada música. Não requer conhecimento! Apenas um ritmo similar. E essa vibração é abstrata. É neste ponto que a psicologia e a matemática se encontram, quando entendemos que há uma abstração que pode ser vivida no corpo, assim como o corpo reage inteiro com uma música.
Além desta visão estrutural e integradora da nossa experiência enquanto mente, corpo e emoção, as constelações estruturais adotam uma abordagem de foco na solução. Parece óbvio, natural, mas acredito que muitos ficam pensando no problema imaginando que de fato estão à busca da solução. Mas problema e solução pertencem a mundos diferentes.
Nas palavras de Matthias,
O problema é uma certa correlação entre os elementos e pode ser variável pelas posições.
As posições são as nossas lentes, de como vemos a situação. Se olhamos por um determinado ângulo, formamos uma imagem do problema. Neste sentido, as intervenções visam tornar as relações melhores. O facilitador deve agir de tal forma a aumentar as possibilidades para as diversas partes (imperativo cibernético).
Se mudarmos de ângulos, não dá para antecipar o que vem. Quais são as relações? Como estão?
Embora não possa mudar o que ocorreu, pode mudar o relacionamento com o que ocorreu.
Não de trata de saber como algo é, mas sim de saber como é a sua relação com aquilo, pois é esta relação que pode ser modificada. O trabalho de constelação ajuda a olhar diferente!
Então terminamos com Samuel Beckett, em Worstward Ho:
Fonte: BLOG Lentes de Decisão – Estadão
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