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Desplanejar também é legal

08 de janeiro de 2019 por Cláudia Miranda Gonçalves

Desde o fim do ano passado, você tem lido inúmeros textos sobre a importância do planejamento. Alguns até tentaram ensinar novas fórmulas e/ou ferramentas para se planejar com eficiência. Realmente, quem planeja tem um ano mais tranquilo e resultados melhores. No entanto, eu quero falar da importância de também levar em conta uma outra habilidade especial, a de “desplanejar”. Parece um paradoxo, mas não é, você vai ver.

Quando falo em desplanejamento não estou falando em rasgar ou deixar na gaveta todo o esforço que você e sua equipe tiveram em organizar metas, datas, expectativa de crescimento, budget, investimentos etc. Não é essa a ideia. O que quero dizer é: tão importante quanto saber planejar, é saber desplanejar. Saber enxergar no imprevisto uma oportunidade, saber mudar o rumo das coisas e navegar no que não estava no roteiro. E, quer saber mais, só sabe e pode fazer isso quem se planejou direitinho.

Assim, como eu disse antes, isso não é um paradoxo. Diria até que um é consequência do outro: só quem tem um planejamento consistente é que pode desplanejar com eficiência e sem correr riscos de se perder. E é por isso que estou escrevendo este texto, para mostrar que principalmente os decisores, aqueles que usam as lentes da decisão, precisam saber a hora de desplanejar. De forma prática, isso quer dizer que é importante enxergar que fevereiro foi melhor do que o esperado e que por isso agosto precisa ser ajustado, pois tem potencial para ser melhor ainda. Que maio não soube responder ao mês de janeiro e que outubro pode ser salvo e assim por diante. Ou seja, feliz do “planejador” que reanalisa seu planejamento e que se permite errar para acertar mais à frente.

Para ilustrar, lembro de um trecho da música Timoneiro, cantada tão calmamente, pelo Paulinho da Viola:

“Não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar.

É ele quem me carrega como nem fosse levar.”

E não é isso mesmo? Ai de nós se não soubermos nos deixar levar. Devemos, sim, navegar na precisão das cartas náuticas mas, ao mesmo tempo, precisamos navegar na imprevisibilidade das marés e nas intempestividades do clima. Ou seja, é preciso ter as mãos no leme para desviar com o cuidado necessário, para ver obstáculos que estão longe o bastante para serem evitados e, principalmente, para ter informação suficiente na hora de decidir.

Assim, se você usar como Norte os valores e princípios de sua empresa/ projeto/ ONG, o seu planejamento poderá ser flexível e orgânico. Sabe por que? Porque o seu Norte estará sempre lá para guiá-lo por mares inconstantes e imprevisíveis. Acredite, sua segurança e suas certezas estão na solidez de seus valores e na força do seu propósito; e não no rigor  e na precisão de seu planejamento.

Então, cuide-se neste ano novo e faça do seu planejamento o caminho para o desplanejamento, se necessário for.  Mas, cuidado, na mesma música há um outro conselho importante:

“ Meu velho um dia falou,

com seu jeito de avisar

Olha, o mar não tem cabelos

que a gente possa agarrar. “

Feliz Ano Novo!

Texto originalmente publicado no Blog Lentes de Decisão no Estadão em 08/01/2019

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