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Enfrentando os vieses

18 de agosto de 2023 por Andréa Nery
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Em um trabalho recente com alunos de pós-graduação discutimos o tema dos vieses inconscientes e sua influência nos processos de tomada de decisão e avaliação de desempenho. Em uma dinâmica ativa surgiram questões instigantes que permitiram explorar como o reconhecimento e a mitigação dos vieses podem enriquecer a gestão, tornando-a mais justa e eficaz.

Gosto de pensar nos vieses como trilhas pré-estabelecidas em uma floresta mental, aquelas que seguimos sem perceber, pois são familiares e confortáveis, embora possam não ser as mais sensatas.

Por exemplo, é natural que nos sintamos mais confortável em uma equipe com interesses e visões semelhantes. No entanto, questionamos se essa familiaridade realmente forma a melhor equipe ou se estamos subestimando outras opções. Além disso, é comum valorizarmos o trabalho daqueles com formação parecida à nossa. Mas devemos questionar: os resultados e fatos apoiam essa preferência?

Nosso cérebro é incrivelmente complexo e processa grande quantidade de informação constantemente. Esse processo nos leva a seguir esses caminhos mentais, como trilhas já traçadas, formadas a partir de nossas experiências passadas, crenças e valores.

No entanto, essa tendência leva aos vieses, favorecemos informações que se encaixam em nossos padrões preexistentes, muitas vezes ignorando dados que contradigam esses padrões. Assim como é mais desafiador abrir um novo caminho na floresta densa, nosso cérebro resiste a adotar novos caminhos mentais.

Ao debatermos o assunto durante nosso trabalho, dois pontos emergiram: os vieses são sempre negativos? E, considerando o funcionamento cerebral, podemos fazer algo para corrigi-los?

Estes são mitos comuns relacionados aos vieses inconscientes, percepções e interpretações que surgem quando tentamos entender o desconhecido ou simplificar complexidades.

Pensar nos vieses como algo inerentemente negativo é uma visão que procura simplificar algo complexo que é inerentemente multifacetado.

De fato, os vieses são essencialmente nossas preferências, resultado de diversas explorações que fazemos na vasta floresta de nossa vida. Reconhecê-los nos coloca em um processo de autoconhecimento, despertando a consciência sobre nossos comportamentos e tomadas de decisão, permitindo ação intencional para lidar com eles.

A primeira resistência que precisamos superar é de achar que os vieses são sempre prejudiciais, essa perspectiva nos impede de reconhecer que todos nós possuímos preferências e preconceitos.

Aceitar esta realidade é um primeiro passo vital, pois permite trazer à consciência o impacto que nossas preferências exercem no ambiente de trabalho. Isso nos capacita a identificar maneiras de tornar nosso comportamento mais inclusivo, fomentando um ambiente que valorize, engaje e respeite todos ao nosso redor.

Através dos avanços da neurociência, sabemos que nosso cérebro possui a notável capacidade de se reorganizar tanto em sua estrutura quanto em sua funcionalidade, em resposta a experiências, aprendizado e mudanças no ambiente. Essa plasticidade nos permite formar novas conexões e se adaptar às demandas cognitivas e emocionais.

Portanto, ao estudar e explorar os diversos tipos de vieses que influenciam nossas decisões, e avaliações de desempenho, abrimos uma janela para uma gestão mais transparente e alinhada com os objetivos que buscamos alcançar.

Um exemplo prático seria identificar um viés pessoal em que tendemos a ser excessivamente positivos em avaliações de desempenho, tornando difícil reconhecer áreas que precisam de aprimoramento. Para superar esse viés, podemos adotar critérios claros e basear nossas avaliações em fatos tangíveis e exemplos concretos.

Conforme adotamos novos comportamentos nesse processo, nosso cérebro começa a formar novas conexões, permitindo-nos agir de maneira diferente. O ato de explorar nossos vieses e abraçar a capacidade de criar conexões é uma oportunidade para desenvolver lideranças mais conscientes e imparciais. Encorajar discussões que desafiem os vieses não apenas envolve questionar os caminhos familiares, mas também pavimenta um caminho em direção à equidade e ao progresso em nossa jornada rumo a um pensamento mais consciente.


Texto originalmente publicado no Blog Lentes de Decisão do Estadão Digital em 18/08/2023

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