
Hacking Cultural – Você já ouviu falar?
Escolhi o tema hacking cultural porque as empresas têm passando por muitas adaptações que estão afetando de forma significativa sua cultura organizacional, e as conversas com as lideranças relatam tensões originadas pela confrontação entre as situações reais e ideais, o que se percebe e o que se deseja.
A cultura organizacional afeta a todos na organização e guia os comportamentos e mentalidades, pode ser intencional ou acidental, e não pode ser controlada ou planejada. As organizações são sistemas auto organizados e altamente adaptáveis e o conjunto de histórias contadas sobre as interações das pessoas através de seus símbolos, hábitos, acordos, e toda uma gama de artefatos não tem uma relação de causa e efeito.
E é aqui que acredito na importância de trazer o hacking cultural para o foco e atenção das lideranças com o objetivo de criar algo novo em sua cultura.
O hacking cultural integra do pensamento sistêmico a ideia de que as organizações são sistemas adaptativos, e da ciência da computação a ideia de que todo sistema pode ser “hackeado”. “Hackear” a cultura tem tudo a ver com encontrar as pequenas coisas que você pode fazer todos os dias para criar mudanças positivas e iterativas. Pode parecer uma solução rápida, mas é mais do que isso.
“Hacking cultural é o projeto e implementação sistemáticos de práticas, compromissos e pontos de vista da equipe que geram os resultados desejados. Em outras palavras, trata-se de hackear sua própria cultura. […] Hackear cultura em seu melhor é criar culturas que capacitem as pessoas e equipes para alcançar a grandeza. ” – Adam Feuer.
Quando mapeamos as tensões que existem na empresa elas revelam as histórias que são contadas, e estas histórias inspiram os acordos, processos, rituais que materializam a cultura que se expressa.
As tensões podem ser difíceis de combater pois servem a diferentes papeis: promovem ganhos ocultos, servem como rota de fuga para certas situações, e têm contrapontos que ajudam a sustentar as histórias e interesses que garantem a permanência das coisas como elas são.
Para entender as histórias por trás das tensões o “hacker” deve usar uma combinação de perguntas para explorar e revelar o que está acontecendo de forma a entender como criar pequenas intervenções que podem ser muito efetivas.
Trago uma tensão que surgiu em um processo que estava conduzindo para entender a prática do hacking cultural.
A empresa aumentou a representatividade de mulheres em seu nível executivo, mas durante as reuniões do comitê as vozes predominantes ainda eram masculinas, as mulheres não conseguiam trazem sua voz e os homens seguiam seus antigos padrões de comportamento.
Ao perceber o que estava acontecendo o grupo propôs que de forma colaborativa, quando uma mulher fosse interrompida, ou quando sua ideia fosse ignorada outro participante deveria pedir para que ela finalizasse ou que repetisse sua ideia. E também, ao final da reunião, foi criado um espaço de fala igual a todos onde era validada a percepção e participação do grupo.
Com o passar do tempo a consciência e confiança do grupo foi aumentando e dissonância entre o que se desejava e o que acontecia foi reduzida, os resultados e decisões passaram a ser mais robustos, inclusivos e alinhados a diversidade existente.
Vejam que se tratou de uma abordagem mais orgânica para se adaptar à organização e às pessoas, simples e sugerida pelo próprio grupo que buscava uma forma eficaz de mudar o comportamento.
Surpreendentemente, a maioria dos hackings culturais não custa nada. “Hackear” a cultura não é uma questão de dinheiro: é uma questão de mentalidade e design. Estas intervenções discretas e contra culturais destinadas a mudar a forma como as pessoas interagem umas com as outras podem contribuir de maneira significativa para as mudanças e tensões que estamos observando nas transformações que estamos passando.
Se você ainda não conhecia fica aqui o convite para descobrir mais sobre como se tornar um “hacker” cultural!