liderança autentica: estilo vs substância
Texto originalmente escrito para e publicado no Estadão Digital, Economia&Negócios, em 29/05/2024
https://www.estadao.com.br/economia/lentes-de-decisao/parecer-vs-ser
Quem nunca recebeu um feedback indicando a necessidade de aprimorar suas habilidades de liderança? Comentários como “você precisa inspirar mais as pessoas” ou “você precisa ser mais assertivo” frequentemente nos instigam a refletir sobre a imagem que transmitimos como líderes. Em muitos casos, as pressões externas nos levam a nos transformar em artistas, desempenhando um papel pré-estabelecido, ao invés de nos concentrarmos no cerne do que significa ser um líder genuíno.
A metáfora dos barcos na liderança ilustra perfeitamente essa dualidade. Enquanto o barco líder, à frente quebrando o gelo e guiando os demais, desempenha um papel único e crucial, todos os barcos, estruturalmente, são semelhantes. A liderança, assim como a posição de um barco na formação, está mais ligada às ações tomadas do que às características individuais.
Recentemente, tive uma sessão em que uma cliente afirmou que não gostava de assumir cargos de liderança. No entanto, tudo que ela dizia e seu comportamento indicavam justamente o oposto. Ficou claro durante a nossa conversa que ela não queria apenas projetar uma imagem; o que ela realmente queria era se aprofundar e analisar as questões do negócio, porém o teatro corporativo a afugenta! Nesse contexto, me deparei com um texto da Kathy Allen que aborda esse tópico específico, ESTILO versus SUBSTÂNCIA na liderança. Resumindo um pouco do que o texto diz:
A análise da autora Kathy Allen sobre a prevalência da “arte performática” entre líderes traz à tona um questionamento essencial: será que a obsessão pelo estilo em detrimento da substância compromete o propósito da liderança? Líderes fixados em manter uma imagem superficial frequentemente focam nos sintomas dos problemas, evitam investigações mais profundas, e tendem a iniciar mudanças desnecessárias em busca de validação e reconhecimento externo. O foco está mais em se sustentar na posição do que correr riscos.
Por outro lado, os líderes comprometidos com uma abordagem de substância concentram-se no propósito maior da organização. Identificam as raízes dos problemas, controlam seus egos, e trabalham incansavelmente para promover a evolução organizacional de maneira autêntica. Entretanto, é válido ressaltar que muitos líderes que priorizam o estilo podem sentir-se pressionados a agir dessa forma, temendo não obter reconhecimento de outra maneira. Todos, incluindo os líderes, anseiam por pertencimento como uma necessidade básica.
Contudo, é importante considerar que alguns líderes podem sentir-se pressionados a adotar estilos performáticos por medo de não serem reconhecidos de outra forma, evidenciando a busca por pertencimento. A maioria das organizações tem uma mistura de líderes, obviamente. No entanto, o comportamento coletivo dos líderes em relação a estilo versus substância molda a cultura da organização. Quando a massa crítica dos comportamentos dos líderes reflete o conteúdo, a organização se torna um lugar de propósito, significado, resultados e evolução de longo prazo. Atualmente a liderança exige equilíbrio entre representatividade e autenticidade, cada líder contribuindo para o crescimento sustentável da organização. A construção de uma liderança significativa se baseia no impacto das ações e na conexão com a missão organizacional, garantindo um percurso entre estilo e substância que gere resultados consistentes e duradouros.
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