
Liderança Consciente
O espírito de nossa época (zeitgeist[i]) tem sido marcado por pessoas em busca de experiências significativas e um senso de realização profundo. Um desejo forte de liberdade, de poder de escolha, de equilíbrio e autonomia. Cada vez mais se questiona um estilo de vida baseado no luxo, no consumo, na destruição da natureza, no trabalho pelo dinheiro e o status.
Sem dúvida um momento que traz a oportunidade de repensar a forma como estamos vivendo e nos convida a ações que promovam mais felicidade e tragam mais equilíbrio ao exercício de atividades que resultem em geração de valor.
Como consequência o ambiente nas empresas vem passando por transformações relevantes e o fator humano passou a fazer parte da forma de realizar a gestão de seus ativos.
Reconhecendo que estamos conectados, já começaram a ser incorporadas politicas que consideram o ambiente externo e os impactos que as decisões podem gerar para além dos resultados e lucros esperados.
Este modelo de negócios é pautado não na gentileza, cordialidade, mas na consciência de que pertencemos todos a um sistema complexo e geramos impactos cujos efeitos têm um alcance maior e mais profundo.
Como consequência as estratégias são alinhadas às necessidades reais dos clientes, fornecedores, colaboradores, acionistas e sociedade. E envolve a criação de valor emocional, intelectual, espiritual, cultural, social e ecológico além do econômico para todos.
Esta gestão consciente e emocionalmente inteligente atua a partir de 4 pilares principais[ii]: o propósito, valor aos stakeholders, cultura consciente e liderança consciente.
E o que caracteriza este líder consciente?
Como ser capaz de responder à realidade emergente e conduzir uma transformação que cria condições para que todos se realizem em seus papeis e gerem valor compartilhado?
O princípio de tudo está em ser capaz de liderar a si mesmo. O autoconhecimento é chave neste processo, pois desenvolve maior sensibilidade, empatia, inteligência emocional e maturidade. Ao identificar seus pontos fortes, se reconhece e aceita as necessidades e limites de cada pessoa.
Estar ciente do que nos move e motiva é o caminho para liderar o outro na direção que permite enfrentar as adversidades e promover mais integralidade.
Oferecer um espaço de segurança psicológica e apoio que convida a autenticidade, estimula criatividade e promove colaboração é a base para fazer acordos e dar voz e protagonismo, mantendo uma comunicação que responde rapidamente às mudanças.
Esta liderança é mais humana e colaborativa, a conexão acontece com a pessoa e não com o papel que desempenha, e o líder não se isola, mas busca soluções em conjunto, envolvendo vários segmentos, acolhendo e incorporando perspectivas diversas.
Em um ambiente onde é legítimo mudar de opinião, explorar, refletir e expressar seus sentimentos e emoções este líder desenvolve flexibilidade e adaptabilidade. A delegação se torna um exercício natural, e a escuta passa a fazer parte do processo de tomada de decisão consistente sem perder o foco no que move a todos em direção a um propósito comum. O líder consciente é coerente, seu “walk the talk” é chave para a cultura onde as pessoas atuam em um nível de consciência maior, motivadas por um propósito e capazes de conciliar eficácia operacional com conexão emocional.
[i] Zeitgeist: termo alemão cuja tradução significa espírito da época, espírito do tempo ou sinal dos tempos. Significa, em suma, o conjunto do clima intelectual e cultural do mundo, numa certa época, ou as características genéricas de um determinado período de tempo. (Wikipedia)
[ii] Na obra Empresas Humanizadas – Pessoas, Propósito e Performance” (Alta Books), livro referência no assunto, os autores trazem os 04 pilares de toda empresa que adota uma gestão consciente e emocionalmente inteligente a ponto de ser tida como humanizada.