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O Papel da Liderança na Construção de Comunidades Resilientes: Lições da Aldeia Tapirema

19 de junho de 2024 por Cláudia Miranda Gonçalves

Texto originalmente publicado no Estadão Digital, em 19/06/24, no Blog Lentes de Decisão.

https://www.estadao.com.br/economia/lentes-de-decisao/tapirema

Recentemente, tive a oportunidade de vivenciar momentos reveladores na aldeia Tapirema, que me fizeram refletir profundamente sobre a liderança e suas complexidades na atualidade. A conexão dos indígenas com a natureza, a liberdade presente nas relações e a percepção diferenciada do tempo me inspiraram a repensar o papel dos líderes em nossas comunidades.

A observação da interação dos habitantes com a natureza e entre si revelou a relevância da humildade e do respeito mútuo como alicerces para relações saudáveis e produtivas. Ouvi atenta ao cacique comentando que não construíram algo num determinado local porque a goiabeira estava lá. Quem já testemunhou alguém respeitando os direitos de uma goiabeira? Isso faz toda a diferença. 

O exemplo do cuidado com os seres vivos ao redor, como o respeito pela goiabeira mencionado, ilustra a importância de uma liderança que considere e valorize a diversidade de perspectivas e experiências presentes nas equipes, entre os consumidores, a sociedade, e tantos outros stakeholders.

Essa vivência despertou um questionamento profundo: como os líderes contemporâneos podem incorporar esses valores de respeito, conexão e harmonia com o meio ambiente em suas práticas diárias? Reitero que a liderança eficaz não se baseia apenas em autoridade, mas sim na capacidade de ouvir, aprender e adaptar-se a diferentes realidades. A capacidade de estabelecer conexões significativas, valorizar a sustentabilidade e cultivar um ambiente de confiança e respeito são aspectos-chave para uma liderança transformadora e eficaz.

Alguns exemplos que marcaram: a líder estava nos falando sobre educação indígena quando sua filha (4 ou 5 anos) entrou na sala com a maior naturalidade, sentou-se no colo da mãe, que nos contou quem era a criança e continuou falando. A menina foi e voltou desse colo, assim como uma louva-deus resolveu sair do chão e subir pelo vestido da líder até alcançar a pena mais alta de seu cocar. Para mim o mais impactante foi a naturalidade que nós, não indígenas, aceitamos aquilo tudo. 

Assim, as práticas cotidianas na aldeia Tapirema podem servir de inspiração, visando promover espaços de trabalho mais inclusivos, inspiradores e voltados para o bem-estar coletivo. Ao se inspirar na harmonia e na sabedoria dos indígenas, é possível construir comunidades mais fortes, resilientes e sustentáveis em um mundo em constante evolução.

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