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O que eu faço agora?! Depois do abalo sísmico, constelação.

13 de abril de 2022 por Cláudia Miranda Gonçalves

Por Andréa Nery e Claudia Gonçalves

Artigo originalmente publicado na página da We Holon no LinkedIn, em 01/04/2022

O que será que estamos sentindo mais profundamente? O que é isso que percebemos que está provocando confusão e incômodo e não conseguimos nomear?

Passamos 2 anos falando sobre novo normal, burnout, mudanças desejadas e indesejadas. Mas, não falamos do abalo silencioso e invisível que aconteceu bem lá no centro de nossa gravidade. Falamos daquilo que podemos traduzir em palavras, que podemos ver e sentir.

Como um abalo sísmico que vem de dentro, das entranhas da terra, vivemos um abalo que vem antes das palavras; não tem nome, nem cheiro, nem gosto. É antes uma presença intuída. Esse abalo move violentamente nossas placas: valores, certezas, identidade, vontades, esperança, crenças, amores, tédios.

E chega à superfície causando estragos, faz desmoronar estruturas, abre fissuras, determina desvios e coloca a todos em estado de alerta, atenção e emergência para restabelecer uma nova ordem. Nos primeiros momentos, tentamos tirar da nossa frente o que parece ter potencial para salvar os sobreviventes, o que somos capazes de traduzir com a linguagem disponível.

É nesse contexto que vemos pessoas mudando os cabelos, engordando ou emagrecendo, começando ou terminando relacionamentos, fazendo loucuras ou parando de fazê-las. Querendo mais aventuras, questionando mais a vida, porém ainda nem tanto a si mesmas. Vemos empresas buscando inovações, falando sobre saúde mental, tendo que lidar com menos certezas. Gestão híbrida, novo mindset da sociedade clamando por novo posicionamento das empresas, ESG, metaverso e suas implicações éticas, humanização.

Tratamos o que vemos e sentimos, mas isso não nos basta e não nos serze ou reconstrói. Pouco conseguimos vislumbrar sobre o que sai das fissuras, das rachaduras. Quais as novas formas que se mostram? Onde está a nova harmonia? Onde me aceito? Onde preciso me reconhecer ou mesmo me conhecer? As mesmas perguntas ecoam em nossas instituições.

Quando é chegado o tempo de lidar com as mudanças do que esta nova realidade interna representa para nós, quando o abalo já sacudiu o que tinha de sacudir, e já estamos lidando com as ressacas e as consequências, começamos a nos dar conta que precisamos de um novo olhar.

Precisamos fortalecer estruturas, pavimentar novas vias, encontrar outras formas de nos relacionar com o todo. Entender que na profundidade, os movimentos seguem lentos, sutis e constantes e que algo novo emerge para lidarmos com a confusão e o incômodo.

Temos visto os trabalhos com abordagens sistêmicas, entre eles a constelação, atuarem com muita eficiência no foco da solução para situações complexas que começam a surgir após estes abalos.

Imagine ser capaz de entender que seu desinteresse diante do trabalho pode estar relacionado a uma dificuldade antiga de entender seu lugar e seu papel. Ou ainda, que nas mudanças que estão acontecendo na empresa, como o projeto que não sai, podem estar relacionadas à quebra das relações de confiança vindas de gestões anteriores. Imagine ser capaz de identificar e quebrar padrões de comportamento que já não se adequam às novas condições do solo!

A abordagem sistêmica é extremamente útil para ver o todo, ver mais amplo, ver de novas perspectivas, ver as relações entre diversos elementos da organização ou da vida de uma pessoa. E por isso vem se tornando um caminho para combinar a agilidade com a profundidade.

Estamos vendo crescer a demanda pelas constelações para pessoas, especialmente com foco nas rachaduras criadas entre vida pessoal e profissional, como, por exemplo, o que realmente quero ou preciso? Como me cuidar? O que estou disposto a fazer? quem sou eu agora? O que é o papel e como eu o energizo?

E também, pelas constelações organizacionais, que ajudam executivos a refletirem e renovarem seus papéis nas organizações diante das transformações vivas na cultura que está emergindo, ajudam times a tecer a segurança e confiança, ajudam em processos de cura em eventos pós-traumáticos nas organizações. Ou ainda, na sondagem de cenários.

Para tomada de decisão é possível perceber melhor em que relações há desequilíbrios, onde se faz necessário mais atenção, o que está passando despercebido. Ou seja, pode melhorar a prontidão para lidar com o que vem – mesmo não sendo uma bola de cristal.

O que sentimos é este desejo de estarmos mais integrados, cientes das rupturas, mas dispostos a aceitar e lidar com as coisas como são, olhar o contexto mais amplo da nossa existência e propósito da vida e coletivo. As constelações tornam visíveis os fios das relações, que alimentam e sustentam a vida tanto nas pessoas como nas organizações, pois é parte da vida usar de criatividade e inovação para aprender, adaptar e assim seguir adiante não apenas para sobreviver, mas para desenvolver e ter sucesso.

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