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Ou isto ou aquilo

04 de junho de 2018 por Cláudia Miranda Gonçalves

Lembram do poema de Cecília Meireles? *

Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo…
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Qualquer semelhança com nossa realidade corporativa, é mera coincidência.

Diante da leveza deste poema, a minha provocação de hoje é: será que não está na hora de pensarmos o que está entre o isto e o aquilo?

Vamos tomar como exemplo, a distribuição de tarefas e pessoas. Do lado das tarefas, temos as ferramentas, os processos, os objetivos, os resultados etc. Do lado das pessoas, temos as competências, as habilidades técnicas etc. Tudo bem separado e compartimentado. Ou seja, “cada um no seu quadrado”.

Aí vem a pergunta: Quem é, na sua empresa, que está olhando para o que está entre as tarefas e as pessoas? Não estaria neste entre uma saída para os desafios profissionais que hoje enfrentamos?

Cecília Meireles continua nos provocando:

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares
.

Esse, é hoje, um dos maiores desafios dos grandes líderes. Estar entre o chão e os ares. Entre as tarefas, os processos, e as pessoas. Afinal, sabemos que a inovação acontece justamente nesse meio, nesse entre. A inovação não é isto e nem aquilo. A inovação é isto + aquilo. É sustentar esse meio, por tempo suficiente para que o novo emerja, quase como uma reação química, formando algo nem sempre antecipado.

Assim, mais importante que escolher isto ou aquilo, comece a prestar atenção no que está acontecendo entre isto e aquilo. É justamente aí que você vai encontrar as grandes ideias, as melhores soluções, o crescimento exponencial.

Tenho trabalhado com várias empresas e líderes que estão encontrando o caminho das mudanças positivas. Em todas essas oportunidades, levo esta mesma provocação e peço que eles olhem para o que está entre as tarefas e as pessoas. Este trabalho de visualização sistêmica propõe questionamentos que fazem com que os líderes comecem a olhar para o que está acontecendo entre os elementos do seu contexto e isso, imediatamente, aguça novas e poderosas respostas.

Assim, depois de olhar para o entre, noto que forças que antes pareciam antagônicas, passam a ser integradas e os resultados que temos alcançados têm nos surpreendido a cada dia. Entre muitas outras coisas, essas empresas estão aprendendo a fazer perguntas mais produtivas, encontrar caminhos que valorizam as pessoas e, principalmente, tem inovado nas escolhas e decisões, gerando resultados primordiais para se manterem inovadoras e competitivas.

Voltando ao isto e aquilo, e pedindo desculpas aos admirados poetas, termino dizendo que há mais soluções entre o isto e o aquilo do que pode imaginar nossa vã filosofia. Experimente!

*O poema completo:

Ou isto ou aquilo

Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo…
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

Cecília Meireles

Texto originalmente publicado no Blog Lentes de Decisão no Estadão em 05/06/2018

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