
resiliência = aprender
Texto originalmente publicado no Blog Lentes de Decisão, no Estadão Digital, em 02/03/2023
https://www.estadao.com.br/economia/lentes-de-decisao/resiliencia-aprender/
A resiliência está altamente sintonizada com a aprendizagem. Evoluir requer informações e feedback. Nas organizações humanas, a resiliência está ligada à sua capacidade de buscar informações, fazer a curadoria e extrair significado do feedback. Todas essas ações trabalham juntas para desencadear a próxima evolução dos sistemas. Adaptar-se a condições mutáveis em um ambiente dinâmico é essencial para a evolução de um sistema e para nossa própria evolução e resiliência.

O que ajuda a tornar um sistema, uma organização e uma comunidade maiores e mais resilientes também funciona para nós pessoalmente. Então, como nossa capacidade de aprender individualmente nos ajuda a sermos mais resilientes? Vamos começar por nós mesmos e escalar para as organizações e sociedade. Convido você a refletir sobre um desafio que teve no passado.
● Como você encarou e superou esse desafio?
● De acordo com a definição de resiliência, o que você precisa aprender para absorver essa interrupção (desafio) e manter-se funcionando?
Em minha vida, passei por desafios e eventos que perturbaram como eu vivia, pensava sobre o mundo e construía relacionamentos. Esses eventos desencadearam uma prática de aprendizagem reflexiva em mim. Eu não apenas faço perguntas, mas tento encontrar questões mais profundas que não são facilmente respondidas. As perguntas mais profundas me convidam a conviver com a questão por mais tempo e me ajudam a evitar a busca de uma resposta mais fácil e de curto prazo.
Essa prática de aprendizado é o que me ajuda a me tornar mais resistente pessoalmente. Quando continuo esbarrando em bloqueios que me irritam, vejo os bloqueios como feedback do sistema ao qual preciso prestar atenção. A lição pode ser “desacelerar” se o trânsito estiver atrapalhando minha capacidade de chegar a tempo para um compromisso. Ou a lição pode ser: “Continuo criando mais trabalho para mim mesma quando não estou totalmente presente”.
Agora, eu pergunto, o que devo aprender com essa experiência? E levo essa lição para minha prática futura. Às vezes, preciso aprender a lição várias vezes antes que ela se integre totalmente à minha vida.
Organizacionalmente, adoro trabalhar com pessoas que são aprendizes ativos! Quando uma equipe é composta por pessoas curiosas e ativas, a equipe é mais vibrante, engajada, adaptável e inovadora. Quando uma organização tem uma cultura de aprendizado ativo, ela cria um ambiente onde a reflexão, o aprendizado e o insight
Para ativar o gosto por reflexão e curiosidade ativa, costumo oferecer a seguinte pergunta para meus clientes de coaching “Você pode compartilhar algo que aprendeu no ano passado?” Se a pessoa se esforça para apresentar um exemplo, isso indica que ela não possui uma prática de aprendizado integrada ao seu trabalho. Se eles lutam para identificar quais das muitas coisas que aprenderam no ano passado desejam compartilhar, isso indica que você está na presença de uma pessoa que tem uma prática de aprendizado bem desenvolvida.
Independente de estar num processo de coaching, aumentar seu grau de presença e atenção vale muito a pena. Assim, seguem 3 perguntas lindas pra ajudar no seu processo de aprendizado ativo e contínuo:
- O que aprendi hoje?
- Quem ajudei hoje?
- O que percebo?
Nas organizações somos obcecados por resultados e por isso avaliamos o desempenho (resultado) mais que estimulamos o processo ativo de evolução.
Se quisermos fortalecer uma cultura de aprendizado ativo, nos ajudaria a nos tornarmos mais resilientes organizacionalmente. Podemos considerar reformular nossa avaliação de desempenho dentro de uma estrutura de prática de aprendizado. Perguntas como: O que você aprendeu este ano sobre o seu trabalho? O que você aprendeu sobre o que está mudando em seu trabalho, organização e ambiente externo? Como o que você aprendeu mudou sua prática? Que experimentos você fez este ano e o que aprendeu com eles?
