Talento é transformação
“Seu talento está em suas decisões.”
— Stella Adler, coach para atores
Considerações sobre talento
Percebemos o talento mais facilmente na arte e no esporte e é nessa medida que falo que talento é transformação. É criar algo que não estava ali, a partir de outras coisas; é aproveitar oportunidades, fazer o inusitado; é essa criatividade que funciona.
E o que mais podemos derivar sobre talento?
- Talento é transformação
Talento sem trabalho não é nada. Mas, sem talento, nada parece bom. A beleza do talento é que é admirado tanto dentro quanto fora do que é considerado sucesso comercial. Ou seja, o talento é valorizado universalmente.
Nas empresas, o talento foi comoditizado na forma de gestão de talentos – a prática que primeiro desmembrou talento em cargos e depois em competências. Mais recentemente, essa forma de focar nas competências tornou-se desconexa. De expertise técnica agora buscamos a pessoa integral; de motivações ou objetivos mais externos passamos a estudar mais os aspectos internos às pessoas, como, por exemplo, active learning (base da andragogia, ou, aprendizado dos adultos), resiliência e tolerância a estresse. Para além dos talentos, as empresas estão buscando compatibilidade cultural com base em propósito compartilhado e valores. Peter Schutz, antigo CEO da Porsche dizia: Contate a índole, treine competências.
Talento tem a ver com a índole, e ética pessoal e no trabalho devem caminhar juntas. Tendo como base uma ética firme, outros aspectos da personalidade podem ser mais maleáveis. A plasticidade das pessoas é importante no futuro do trabalho, pois todos estamos tentando descobrir nossos papéis num filme que nunca assistimos antes.
Somada à uma ética firme, outra qualidade que está na base do talento é a imaginação. Precisamos ter a imaginação moral de ver nossos papéis no mundo levando em conta as relações com os outros, e precisamos ter a imaginação (artística) para materializar essa transformação.
- Talento como micro-talentos
Talento é composto de formas diferentes para cada pessoa, pois é feito de muitos micro-talentos que contribuem para a formação de um talento mais amplo. Na arte ou no esporte, onde vemos talento ou a falta dele, há o talento muscular, ou a memória muscular. Para além desse talento, há outros micro-talentos, como por exemplo, de ser sociável, da estética, da conversa, da conexão com o público, com o agente e os colegas.
Pensar nisso me fez refletir quantas pessoas sabem de seus micro-talentos, mas ainda não descobriram como combiná-los numa receita de masterchef. Ou quantas pessoas procuram seu talento mais amplo nas mesmas esferas de seus micro-talentos. É preciso olhar mais amplo, um olhar do terraço. Outros ainda acreditam que um único talento será garantia de sucesso. Ao pensarmos o talento como uma composição, um mosaico de micro-talentos, a imaginação pode fazer a diferença. E mais uma vez chegamos na questão de que talento é transformação.
- Você e seu talento
Aqui vão algumas perguntas bem desconexas – mas a conexão cabe a você – para pensar no seu talento.
Toda pessoa tem a capacidade de ser criativa?
Você já duvidou do seu talento?
Com que frequência?
Você se esforça para ser único?
Ou ser único é superestimado?
Inspiração é superestimada?
O que é necessário para que você atinja o estado de fluxo?
Qual sua cor favorita?
Quais experiências terríveis (se houver) influenciam seu trabalho?
Onde você encontra beleza?
Você coloca mensagens ocultas em seu trabalho?
Ajuda ou atrapalha ter um rival criativo?
Importa saber como o resultado final parecerá/ soará/ será?
Existe correlação entre um trabalho que você fez do qual você se orgulha e o desempenho comercial desse trabalho?
O que o destemor ou a ousadia lhe proporcionam?